quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Adeus, Orkut.

Consigo lembrar com precisão o dia em que fiz meu perfil do Orkut: 15 de maio de 2004. Cinco anos 9 meses e 9 dias me separaram desse fatídico dia. Quando cliquei no link do e-mail, aceitei o convite, respondi àquele questionário enorme e escolhi minha foto mais legal, não podia imaginar o que era de fato aquele mundinho azul. Eu só sabia que Orkut era um site com comunidades para todos os gostos, cheio de gente bacana e que era preciso ser convidado por um membro pra entrar. Levei alguns dias pra me situar, achava FODA reencontrar pessoas e receber scraps e depoimentos.
Enquanto eu conhecia o site e reencontrava o passado, me deliciava com álbuns de fotos e scrapbooks alheios. Aquilo foi passando do limite da diversão e se tornou um vício, porém ao meu ver, era algo saudável e controlável.
Olhando pra trás, vejo que nessa época eu ainda não havia sido “tocado” de fato pelo mal que assola o Orkut: a falta de privacidade. Na verdade, aquilo tudo era pra mim uma grande brincadeira e eu não conseguia perceber que era uma diversão perigosa. O Orkut desperta o nosso lado voyeur e só percebemos o quanto isso pode ser ruim quando nos sentimos prejudicados pela superexposição.
Nessa conta do Orkut eu conheci muita gente, fiz muita amizades, inclusive a minha melhor amiga conheci por lá. Foi também nessa conta que eu experimentei as primeiras crises causadas pelo meu voyeurismo e pelo dos outros. O que era um site de relacionamentos com comunidades para todos os gostos se tornou uma revista de fofocas. Mas eu passava horas logado, respondendo scraps, fuçando perfis, tendo pequenas crises (de riso, choro, histeria e coisa e tal).
Por outro lado, assisti minha vida se tornar de domínio público e mais de uma vez soube que pessoas de que eu não gosto sabiam mais do meu dia-a-dia do que aquelas do meu convívio. Não posso esquecer de citar os perfis falsos, criados sabe-se lá com qual intenção e que insistiam em tentar entrar na minha lista de amigos. E também os fakes criados com minhas fotos e fakes falando sobre minha vida, a maioria mentiras pra tentar me sujar na sociedade da cidade em que vivo, mas isso já superei.
Eu devo ser a pessoa mais complicada da história de todo o Orkut, e acho que a melhor coisa que fiz foi abandonar o barco. Claro que foi muito divertido, reencontrei velhos amigos, conheci gente bacana, encontrei uma melhor amiga, tive uma segunda família. Tudo isso assim, gratuito, graças ao Google e seu mundinho azul. Divertidos também foram os e-mails e telefonemas que recebi logo que anunciei meu suicídio orkutiano, em grande parte me parabenizando pela façanha, outros tristes achando que eu ia sumir no mapa. E eu pensei nesses quase 6 anos em que passei brincando ali, lembrei das crises de riso quando achava alguma comunidade sem o senso, das crises de ciúme, das vezes em que me comparei a outros garotos. Também lembrei da febre dos scraps coloridos, do ódio que sinto da tal de orkutmania. Foram inúmeras as horas que perdi, ou ganhei, logado e não cabe aqui dizer se valeu ou não a pena, até porque nem eu sei a resposta, mas foi como tudo na minha vida, teve inicio, meio e fim.
Tenho muitos planos pra mim daqui pra frente, e o Orkut não está incluso neles, pelo menos não a curto prazo. Torçam por mim. Eu só quero apenas isso.

Beijos.